jueves, 16 de abril de 2009

Foi ano passado, por ocasião de uma série de eventos organizados pela Escuela de Artes Aplicadas Lino Enea Spilimbergo e o grupo El Puente. Especificamente o Joan veio para dar uma conferência e um seminário.

Na verdade, aconteceu no primeiro semestre de 2008, eu havia acabado de ingressar na Spili e estava naquele fervilhão de quem (re)começa a cursar uma faculdade, conhecendo a escola, os professores, alunos companheiros e enfim, todo o ambiente acadêmico.



(Joan Fontcuberta no auditório da Ciudad de las Artes, foto: júlio paiva / figurae)

Pra quem não conhece, o amigo Joan Fontcuberta é um “artista, docente, crítico e historiador de reconhecida trajetória internacional” (pra usar as palavras do El Puente), que dentre outras coisas, transita bastante no mundo da fotografía para desenvolver os seus trabalhos.

Um fato importante dentro da obra de Fontcuberta é a reflexão sobre a imagem, a fotografia, com valor de documento inquestionável. Porque sim, todo mundo sabe que há edição, há photoshop, há toda uma série de malabarismos que passam despercebidos.

Na realidade, mesmo que se considere comumente a manipulação, até que ponto os olhos vêem e não reparam? “Fulana tem photoshop!”, quantas vezes vocês já ouviu falar do umbigo da modelo que sumiu e outras bizarrices que não são nada além de pistas evidentes demais para serem desconsideradas.

Acontece que essa manipulação normalmente está considerada no âmbito da estética, não no valor de documento que a imagem usualmente possui - programas educacionais, documentários, reportagens periodísticas e etc. Geralmente não se questiona a construção do sentido, passamos batidos e a informação é absorvida sem que o sujeito sequer páre um segundo para refletir. Sobretudo quando essa mesma imagem se vincula a alguns outros elementos configurantes, textos, atestados, opiniões de “especialistas” e etc.

Não por ficar obcecado por teorias da conspiração, mas se permitir uma análise crítica, ainda que ligeiramente menos superficial, vale para pisar melhor em terra alheia. E é nesse terreno que Fontcuberta explora a capacidade de discernimento, nada sólido, da crença do expectador.

Uma das mais famosas obras do artista Catalão é “Sputnik”. Nesse trabalho, inventa um trágico episódio da carreira espacial, mantido em segredo por razões políticas por parte das autoridades soviéticas. O astronauta Ivan Istochnikov, a bordo da nave Soyur 2, nunca regressou da sua missão em Outubro de 1968. Essa obra inclusive foi tomada como verdade em um programa de debates espanhol, servindo de material para discussões e questionamentos acerca do regime. Na sequência, o programa e a posterior retratação.






(Outros trabalhos pra dar uma olhada são Herbarium, Fauna Secreta, Palimpsestos, Sputnik, Hemogramas, Semiópolis.)

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1 comentários:

Unknown dijo...

É muito interessante tanto o video como a discursao.
Tenho me deparado muito com o fantasma da midia. Nesses anos vivendo fora do brasil, tenho que filtrar em dobro todo e qualquer tipo de informaçao, inclusive asmais precipitadas repassadas por parentes.
Interessante tb sao as "lendas" conspirativas de que o homem nunca chegou a lua...etc, um dia desses assisti um documentario a respeito rsrsrrsrs
Beijo procê Julio, e continue escrevendo sou blog é 10!